Alice estava na frente do espelho.
Posicionou-o no parapeito, contraluz.
Ficou a admirar-se.
Desta vez, não trajava o vestido xadrez da noite anterior.
Que outrora teve asas com o vento.
Dançara.
Longas horas, sonho de embriagues.
Lembrou-se das palavras.
Leves, como passos de dança.
Não estivera só,
convivia em plenitude com suas sombras,
sempre acolhedoras, em dias de chuva.
Ela dançara na chuva.
Recordava, sorrindo e olhando para o espelho, de ver o
chapeleiro entrar.
Sem o seu relógio que teimava dobrar o tempo.
Engraçado, também portava um terno xadrez.
O chapeleiro roubara o lugar da chuva que bailava com ALICE.
“Há um prazer longe das montanhas, consistente e menos
efêmero.”
Em um mundo nonsense, a frase saíra de um baú de
realidades.
Alice anotara na palma da mão, para que as letras não se
perdessem.
Para agradecer a gentileza, sussurou:
“agora que cultivamos
bons sentimentos, difícil nos perdermos.”
Sentiram tristeza na despedida.
Lembranças não dormem porque sacodem a memória.
“As vezes a beleza é triste. Como estórias de Miguelim.
Sentí-las nos faz entender que a vida dá e tira .
Ficam as músicas e sorrisos que furtam lágrimas de saudade.”
Sentí-las nos faz entender que a vida dá e tira .
Ficam as músicas e sorrisos que furtam lágrimas de saudade.”
Quando viu, ainda na frente do espelho.
A realidade era tão bela quanto o sonho que povoara sua janela
O tapete, as paredes pintadas, retratos de seres amados.
O quarto desarrumado pelos livros, postais, poesia, música e cores.
O quarto desarrumado pelos livros, postais, poesia, música e cores.
Alice preferia o mundo real à fantasia.
Carregava sentimentos vividos. Muitos a respirar.
Tirou sua câmera,
registrou o que seus olhos sentiam.
Postou em dois tons.
Ligou o som.
Postou em dois tons.
Ligou o som.
Norah Jones – Turn me on!
Fechou a porta e saiu para respirar o dia azul!
deiaquintino
O que tocou: Turn me on
http://www.youtube.com/watch?v=-mOAq4gBJT8
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