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14 de novembro de 2012

RECEBA AS FLORES QUE EU LHE DOU



Hj ocorreu-me algo delicioso.
Dormi fora de casa para encontro, na manhã, com minha um amaiga amada.
Retornei para o lar de  ônibus… moro um pouco distante da capital e faz tempos só transitava de carro particular. Desta forma,  subi no mercedes azul com um salto 7cm.

Ao chegar, na descida do condomínio onde resido, esbarrei-me com paralepípedos desalinhados sorrindo em espera.
Resolvi tirar os sapatos – pois já é costume andar descalça
Logo fui interpelada pelo jardineiro que trabalha ( faz 18 anos )  na casa em frente a minha, se queria uma carona na GARUPA de sua bicicleta.
Claro! ( respondi ) 
Desci, como aquelas damas antigas sentadas de lado ( pois sempre uso vestidos ), carregando os sapatos de onça nas mãos,  O livro enorme – Brasil Invisível ( presente estimado e desejado ) e minha grandiosa bolsa de "quase tudo". A garupa mal nos cabia.
AHHH!! Coisa boa descer sentindo o vento na garupa, de olhos fechados. Veio de átimo a lembrança da minha infância.
Faz tempos não me aventuro a pedalar e nem me lembro, na vida,  quando andei na garupa de uma bicileta.
Enfim, a pessoa que me deu carona tem nome de anjo - Isaías, foi o  mesmo que na época do meu acidente automobilístico, levou à minha casa uma porção feita de arruda e Santa Maria que eu ungi no peito acreditando na diferença que isto faria.
Certo ou não, senti tudo melhorar.
Lembro que coloquei uma cadeira confortável no jardim, onde passava horas – pois era complicado andar.
Enxarcava a mistura no peito, embalava com "filme plástico" e lá ficava com o cheiro e minha leitura.
Na época, quando trouxe a misturapresente, acrescentou que “ gostava por tanto de mim” que havia passado um tempo preparando o mix, receita de um padrinho querido. 
Tudo isto para me ver sorrir sem dor  - pois eu havia fraturado o peito e espirrar me fazia urrar.
Esclareceu também, que o padrinho tinha descoberto a mistura curando uma vaca (rs!) . Esta, coitada,  tinha partido as “junturas” – mas a mistura sarou rápido e a bicha morreu andando.
Como sou uma completa admiradora de tal animal  - a analogia foi de todo muito bem recebida. Seja como for, para tratar bicho ou gente, tudo em mim curou. O previsto para 50 dias de conserto, durou uns 30. 
Voltando à carona, Isáias me deixou na porta de casa.
Solicitei que subisse para uma prosa e o mesmo aceitou. Conversa vai e vem - sem pressa, pois adoro o tempo investido nas pessoa, contou-me um pouco da sua vida.
Tudo surgiu a partir de uma pergunta por mim formulada – sobre o tempo que ele cuidava de jardins (profissão de sensibilidade ímpar  - guardador de flores, raízes, sementes, viços de vida….rs!).
 
Disse-me que desde os 11 aprendeu a conversar com as “prantas”.
Seu primeiro trabalho foi em uma casa – bairro nobre desta capital, onde a senhora reservava para ele, ao final da jornada, toalha fresquinha para o banho que o deixava revigorado para segunda jornada de vida – ir para o grupo no “Olhos d’água”- quarta série, onde aprendeu a letrar.
Me explicou que largou as palavras logo cedo, tudo porque perdeu o pai aos 5 anos e quando chegou no tempo de entendimento, dóia ver suamãe na labuta para cria de 5 filhos, mais a namorada de um deles. 
Certo dia, quando comia a merenda do grupo, ficou pensando na carne gostosa que o alimentava e no quanto em sua casa faltava tantas especiarias.
Resolveu,  passado este dia, “mentir” a professora que precisava viajar .
Solicitou o material que ali ficava guardadinho e desde então jamais retornou a carteira de estudo.  
Foi para uma construção, onde tinha combinado com  o encarregado, sobre sua necessidade de trabalho. Contou com a bondade deste em aceitar um menor para as tarefas.
Isaías disse que carregava sacos cheios de entulho "caindo de torto", feito os homens grandes. Feliz que só!
“Trabaiva feito os de lá, igualzim, e no final do mês ganhava igualzim túmem.  Fiquei feliz demais da conta quando peguei meu primeiro dinheiro e levei pra casa carne, um montão de coisa boa”.
Daí, em diante,  Isaías não parou de trabalhar para ter gosto de ver sua mãe e irmãos felizes. Garantiu o estudo das irmãs e “veveu” até os 19 anos com sua mãe- quando saiu de casa para casar.
Hoje tem 3 filhos ( muito bem criados – aliás, um torcedor do Atlético, rs! ) , 3 bicicletas porretas ( 2 motorizadas – que lamentou não estar com as mesmas para carona de hoje ). Tem o  amor extremo pelas plantas que ele semeia sem tempo de lua, pois de tanto amor, tudo que planta nasce. 
Isaías
agradeço a “mistura de vaca que CUROU”, a alegria que recebo toda vez que te encontro e a demonstração de coragem e amor pela vida.
Sem contar o abraço de conforto estes dias.

Hoje mesmo ele disse: "esta mistura cura tudo quanto infecção lá dentro".
Perguntei a ele se ela curava "dor na alma" porque ia passar a receira para monte de gente tanto amo.

Ele respondeu com sabedoria: 
“Num dá pra sarar com esta mistura esta dor do peito, a lembrança fica, mas a dor a gente tira e joga noutro canto, só tem este jeito de sarar”.
Combinamos, dia este,  fotografar seu sorriso - fazendo o que ele mais gosta.
Ahhh...bom começo de tarde. Partilho com vcs ! E junto a música do APERTE O PLAY DO DIA.

ESCUTAR ISTO COM AGNALDO TIMÓTEO ME DIVERTIU:
http://www.youtube.com/watch?v=epjGHaQ3-Lw 

2 comentários:

  1. Deia que lindeza, como diria Isaias, a sua veia poética e vivencial de escritora nata nos passa uma página sui generis do seu dia a dia com muita competência, vá catalogando e quem sabe adiante um belo livro será lançado, associado ás suas belas fotografias. Beijos dos seus Papais

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  2. Ah minha amiga! Saber que um dia antes desse acontecido estávamos nós duas a discorrer sobre os mistérios e caminhos da vida! Sastisfação! Como também já ouvi por aí dos Isaías queridos que caíram do céu para habitar e florir nossa terra!
    Beijo!

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